Embriaga-te
Devemos andar sempre bêbados.
É a única solução.
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao encontro da terra, deves embriagar-te sem cessar. Com vinho, com poesia, ou com a virtude.
Escolhe tu, mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez atenuada, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares. Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem descanso. Como vinho, com Poesia. ou com a virtude".
Charles Baudelaire
17 de fevereiro de 2010
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Um comentário:
Embriaguei-me de "liberdade" e senti o peso da discórdia, da inveja. Embriaguei-me de paixão e senti a fúria daqueles que me tinham por brinquedo. Como não podiam destruir a mim, brinquedo, lançaram-se contra quem brincava. Hoje estou ébrio de silencio, bebado de solidão. Mas sóbrio de alma, poesia e camção.
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